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E3: Mescla de tiro e RPG, "Destiny" aponta o futuro dos games

Pablo Raphael

Do UOL, em Los Angeles

13/06/2014 18h28

Primeiro jogo da Bungie desde “Halo: Reach”, “Destiny" aponta a direção que os games vão seguir no futuro. Não só os jogos de tiro, mas os games de ação, aventura, RPG. Os melhores expoentes da indústria vão seguir a tendência da Bungie e misturar gêneros até que as convenções venham abaixo.

Não é de hoje que os jogos de tiro flertam com sistemas de RPG, mundos abertos para explorar e uso de veículos. Só na geração passada, “Borderlands”, “Rage”e “Halo: Reach” brincaram com a idéia, entre outros. E “Destiny”, a princípio, parece um pouco com cada um deles, mas vai além.

O game da Bungie persegue o cálice sagrado dos desenvolvedores: a criação de um mundo persistente e cheio de coisas legais para fazer. Os mapas de “Destiny” parecem vivos, com outros grupos de jogadores passando por você no meio de mapas enormes, perseguindo suas próprias missões e interesses. Lembra nisso o cultuado “Journey”(PS3).

O jogo é o primeiro de uma franquia planejada para durar ao menos 10 anos. A Bungie é ambiciosa e acredita que “Destiny" pode ter o mesmo impacto na cultura pop que “Star Wars” teve no passado.

Encontro com o Destino

Jogar “Destiny" pela primeira vez é uma experiência e tanto. UOL Jogos testou o game na E3 2014, em dois momentos distintos: primeiro uma missão cooperativa rodando na mesma versão alpha que foi lançada ontem (12) para PlayStation 4. Depois, uma partida no modo multiplayer competitivo.

A missão cooperativa começava na última cidade da Terra, onde os Guardiões (nome pelo qual são chamados os personagens dos jogadores) se reúnem para comprar armas, equipamentos, encontrar amigos, dançar (!) e escolher uma próxima aventura. Nesse hub social, os personagens são vistos em “terceira pessoa”, o que permite ao jogador enxergar todas as peças de armadura que estão equipadas e curtir o visual do próprio Guardião.

GAME OF THRONES

Cada Guardião é acompanhado por Ghost, um companheiro eletrônico que faz às vezes de narrador de “Destiny”. O robôzinho voador é interpretado de maneira excelente pelo premiado Peter Dinklage, ator que vive Tyrion Lannister em “Game of Thrones”.

Reunido o grupo (geralmente formado por três jogadores), partimos em nossas naves até a Old Russia, onde invadiríamos uma antiga fábrica arruinada para enfrentar hordas de inimigos que estavam causando problemas por lá. Após o pouso, seguimos para o início da missão pilotando motos voadoras que fariam inveja a Luke Skywalker (e que podem ser inteiramente custodiadas pelos jogadores).

Daí em diante, lidamos com hordas de alienígenas em combates frenéticos e emocionantes, mesclando tiroteio preciso e movimentação ágil com um design de mapas muito bem elaborado e inimigos diversificados que exigem pensamento rápido e coordenação para serem abatidos. É o tipo de shooter que a Bungie sabe fazer muito bem - e que poucas outras produtoras conseguem rivalizar.

As aventuras são longas: nossa missão teve dois momentos de batalha aberta com muitas ondas de inimigos para enfrentar e uma grande aranha mecânica que não passava de um chefe menor - não deu tempo de avançar até o final, ficamos na metade do caminho, mas lá se foi meia hora de jogo.

Além das diferentes armas, cada jogador utilizava um personagem de uma classe diferente. Eu, por exemplo, estava com um Warlock, guerreiro místico que dispara rajadas de magia contra os inimigos (mas só de vez em quando, geralmente mandava bala mesmo). As classes ficam mais distintas conforme os jogadores progridem e liberam subclasses para jogar, bem ao estilo dos jogos de RPG.

Na batalha contra a aranha mecânica, os poderes e habilidades do grupo foram testados arduamente. Era preciso que alguém cuidasse dos soldados que protegiam a máquina enquanto os outros davam cabo das pernas dela, antes de partir para cima do monstro cibernético de uma vez por todas. Atirar nos inimigos com um rifle sniper era uma boa opção, desde que você não ficasse parado por muito tempo: a aranha te localizava e disparava bombas poderosas na direção do Guardião.

ASSISTA AO TRAILER DE "DESTINY" DA E3 2014

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Instantes épicos

Enquanto a luta contra os invasores alienígenas foi uma amostra do excelente game design de “Destiny”, a partida competitiva entre dois times humanos foi uma prova de que um multiplayer bem desenvolvido é capaz de gerar seus próprios momentos épicos, sem roteiro algum além da situação criada pelos jogadores.

SUPER CHARGED

Cada classe de “Destiny" possui um poder único, que só pode ser utilizado quando a barra de ‘Super Charge’ está completa. O Hunter, por exemplo, saca um revólver e atira um disparo fatal. O Warlock dispara uma carga de energia mística que causa um dano de área e o Titan golpeia o chão provocando uma onda de choque.

Era uma partida de captura de objetivos, com dois times de seis jogadores cada. O mapa, uma base na superfície da Lua, com várias estruturas semi arruinadas para usar como cobertura ou atalho, um canhão fixo e alguns veículos escondidos aqui e ali.

Além da troca de tiros e da sensação de vitória a cada bandeira conquistada (geralmente não por muito tempo), o jogo proporcionou momentos incríveis: em um dado instante, um Guardião do meu time tentava capturar uma das bases, mas era abatido com frequência por soldados do lado de fora do local. Peguei uma moto voadora e disse ao colega (que calhou de estar ao meu lado): ˜Vamos por fora, eu te dou cobertura”.

Segundos depois, estava ele agachado ao lado da bandeira atirando em inimigos e eu voando em círculos com a moto, ao redor do companheiro, atirado em quem chega-se perto. Tudo ia bem até que uma granada nos mandou pelos ares. E, mesmo perdendo, foi um dos momentos mais empolgantes que tive com o jogo nesse primeiro contato.

 

Teste alpha

“Destiny" teráum teste beta em julho, primeiro nos consoles PlayStation. Mas, se vocêquiser, pode jogar a versão alpha (que éa mesma do teste feito na E3) no PS4 - essa jáestádisponível.

Quem prefere aguardar a versão final do jogo, vai ter que se segurar atéo dia 9 de setembro, quando o jogo sai para PS3, PS4, Xbox One e Xbox 360.