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As gambiarras que todo gamer já fez na vida

Quem nunca assoprou um cartucho antes de jogar? - Montagem/Reprodução/NBC
Quem nunca assoprou um cartucho antes de jogar? Imagem: Montagem/Reprodução/NBC

Rodrigo Lara

Colaboração para o START, em São Paulo

30/06/2019 04h00

Alguns chamam de criatividade, outros de improviso. Mas a palavra popular mesmo é só uma: gambiarra.

É uma técnica ancestral passada de geração em geração entre os gamers para fazer funcionar aquele jogo tão esperado ou desafiar os limites da ciência e ressuscitar um console que parecia condenado.

Assoprar cartucho

Essa técnica é clássica: você encaixou a "fita" no videogame, ligou e tudo que viu foi uma tela preta. O que fazer? Perder a respiração, levar o console para uma assistência técnica ou simplesmente sentar e chorar?

Nada disso: bastava dar aquela bela assoprada no cartucho para "limpar" até ele funcionar. E se havia uma certeza é a de que o jogo acabava funcionando depois de algumas tentativas.

Mal sabíamos que fazer isso, na verdade, aumentava, e muito, o risco de danificar permanentemente os cartuchos.

Travando a diversão

Hoje em dia você pode, com poucas exceções, jogar games de qualquer região em seu videogame, mas houve uma época em que isso era impossível. E não falamos sobre questões mais refinadas, como programação, mas sim de travas físicas mesmo. Quer um exemplo? Um cartucho de Super Famicom não funcionaria no Super NES simplesmente porque o espaço para encaixe era diferente.

Era aí que entravam os adaptadores, geringonças que permitiam usar cartuchos japoneses em um videogame norte-americano e vice-versa. Havia, porém, quem fosse além e fizesse uma modificação permanente na carcaça do aparelho usando, por exemplo, ferro de solda quente.

Bizarro? Afinal, quem tem limite é município.

Curso rápido de programação & informática

Se você se aventurava em jogos de PC na década de 1990, é bem provável que tenha lidado com linhas de comando no MS-DOS e também com a necessidade de editar arquivos do Windows, como o infame "Autoexec.bat".

Eram comandos em alguma língua alienígena que você digitava na esperança de liberar mais memória, fazer o jogo rodar direito ou realizar alguma mágica que não estava muito clara. A vida não era fácil, principalmente quando os jogos eram lançados em disquetes, e atualizações de correção eram assunto de ficção científica.

Hoje em dia isso melhorou muito com as plataformas digitais, que facilitaram não só as correções mas também a aplicação de mods. Mas, se o mundo fosse justo, jogar nos PCs naquela época deveria ser o suficiente para garantir um diploma em programação.

Fazendo o controle "pegar"

Controles de videogame se desgastam. Se ainda hoje você procura um técnico quando eles começam a dar problema, nos videogames mais antigos essa era apenas a última solução.

A primeira envolvia, é claro, chave de fenda e uma boa dose de espírito aventureiro.

Controle quebrado - MyImages - Micha Klootwijk - MyImages - Micha Klootwijk
"Tá tudo bem, é só trocar a borrachinha"
Imagem: MyImages - Micha Klootwijk

Em alguns casos, bastava passar uma borracha nos contatos para o controle voltar a funcionar. Em outros, era preciso ser criativo, como usar uma borracha de lápis para substituir uma peça desgastada, ou, em nível mais hardcore, "encurtar" o fio do controle na esperança de consertar algum mau contato.

De cabeça para baixo

O primeiro PlayStation tinha um problema crônico e bem específico: com o tempo, o canhão que lia seus CDs acabava desalinhando ou, na pior das hipóteses, parava de funcionar. E, se isso já acontecia quando se usava discos originais, imagine só quando a pirataria corria solta?

Se hoje é fácil instalar e jogar games antigos em praticamente qualquer computador - por mais controversa que a prática seja -, há alguns anos não era bem assim.

Emuladores que não eram bem otimizados ou estavam em início de desenvolvimento exigiam uma dose extra de paciência dos jogadores e, claro, algumas adaptações em arquivos importantes do seu PC, mesmo que você não tivesse a menor ideia do que estava fazendo.

Os gamers mais velhos são, acima de tudo, sobreviventes.

Uma competição justa

Ah, o multiplayer de sofá. Quem nunca se divertiu jogando aquele game cooperativo no mais singelo fair-play? Ou saiu na mão após uma corrida de "Mario Kart" - que, todos nós sabemos, é o jogo que mais causou brigas na história dos videogames.

Na hora de jogar ao vivo, a regra é improvisar. Vale usar papelão para dividir a tela e não se distrair com o que o parceiro ou adversário está fazendo, esconder o controle na hora de cobrar aquele pênalti ou até partir para a boa e velha catimba para desestabilizar o outro competidor.

Batata quente

Você deu uma de Dr. Frankenstein e montou um PC que mais parece uma máquina mutante destinada a acabar com a humanidade. Aí você decidiu comprar aquela placa de vídeo de ponta, mas para isso teve que economizar em coisas menos importantes, como coolers.

Errou feio, errou rude.

O resultado dessa ideia de gênio é que você não consegue usar o seu PC sem precisar, digamos, de meios alternativos para que ele não superaqueça. E, nessa hora, vale tudo: desde jogar com o gabinete aberto até mesmo deixar um ventilador apontado para a máquina.

Tá pegando fogo, bicho!

No início da geração passada, o Xbox 360 era a escolha natural para quem queria um novo videogame no final de 2005. Especialmente porque qualquer concorrência só surgiria após um ano, com a chegada do PlayStation 3 e do Wii.

Quem comprou um X360 no lançamento, porém, pode ter sido vítima de um belo problema: as três luzes vermelhas. Ela era resultado de superaquecimento e, basicamente, era uma sentença de morte do aparelho. Você até podia levar o videogame para o conserto, mas era quase certeza que ele voltaria a passar mal.

Como gamer que é gamer não admite derrota sem uma boa luta, alguns gênios propuseram uma solução. Consistia em enrolar o videogame em toalhas e deixá-lo ligado por cerca de 45 minutos - afinal, qual seria a melhor forma de combater um videogame que superaquece se não fazê-lo esquentar ainda mais, não é mesmo? Alguns juram que, ao fazer isso e depois deixar o aparelho esfriar, ele voltava a funcionar. Em todo caso, era bom ter um extintor de incêndio por perto.

Uma mera precaução.