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"Tetris" faz 35 anos, e Alexey Pajitnov nem pensa em reclamar

Alexey Pajitnov, criador de "Tetris", autografa cartuchos dos fãs durante comemoração em Los Angeles - Fernanda Ezabella/START
Alexey Pajitnov, criador de "Tetris", autografa cartuchos dos fãs durante comemoração em Los Angeles Imagem: Fernanda Ezabella/START

Fernanda Ezabella

Colaboração para o START, de Los Angeles

10/06/2019 12h00

Resumo da notícia

  • Criador de "Tetris" participou de comemoração em fliperama de Los Angeles
  • Ele tem se divertido com "Tetris 99", versão "battle-royale" para o Nintendo Switch
  • Game lançado em 1984 sobrevive em novas versões, releituras e campeonatos

Assim como suas pecinhas geométricas que caem do céu sem parar, o jogo mais vendido da história segue num ritmo constante de lançamentos. Ao completar 35 anos neste mês, "Tetris" foi dos disquetes flexíveis aos cartuchos de plástico para chegar hoje em softwares de realidade virtual, versões da Hello Kitty e jogo multiplayer do Nintendo Switch.

Para seu criador, o russo Alexey Pajitnov, a novidade que mais lhe anima no momento é o "Tetris 99", lançado em fevereiro para o console da Nintendo. Nesse modo de jogo "battle-royale", ele chega a jogar contra cem pessoas ao mesmo tempo e, curiosamente, nunca terminou em primeiro lugar.

"Mas veja bem, não joguei muito ainda. Meu filho roubou meu Switch. Estou esperando ele me devolver", explicou, rindo. "Ele joga muito melhor que eu", disse Pajitnov ao START no sábado (08), num bar de fliperama em Los Angeles que comemorou os 35 anos de "Tetris".

Ninguém sabe que sou eu jogando, são muitas pessoas. É bem divertido. Acredito que já fiquei algumas vezes em terceiro lugar. Foi minha melhor posição até hoje
Alexey Pajitnov, sobre "Tetris 99"

Pajitnov inventou o "Tetris" em 1984, inspirado num jogo de quebra-cabeças. Na época, trabalhava num centro de pesquisa na Academia de Ciências da União Soviética. Enquanto fazia experimentos militares para softwares de inteligência artificial e reconhecimento de fala, usava seus joguinhos para testar os programas.

De paletó preto com estampas de pecinhas coloridas, Pajitnov foi tietado no bar de Los Angeles e deu autógrafos aos fãs em cartuchos antigos. "Faço isso há muitos anos, já me acostumei. Gosto de ver quando os fãs trazem para eu assinar suas fitas velhas. Nunca estão muito limpas, parecem bem surradas porque jogaram tanto. Me sinto muito feliz", disse.

Atualmente, o designer trabalha na criação de diversos games de quebra-cabeça, um "processo bem devagar". Ao longo dos anos 2000, lançou "Marbly" e "Hexic", embora sem chegar perto da fama de "Tetris".

"'Tetris' tem algo em comum com jogos eternos como xadrez, dama e gamão. A tecnologia muda, mas os jogos seguem seduzindo as pessoas. Acredito que Tetris seja assim também", disse o russo de 63 anos.

Tetris Effect - Reprodução - Reprodução
"Tetris Effect" foi lançado em 2018 para o PlayStation 4
Imagem: Reprodução

Nada contra "Minecraft"

Pajitnov veio para os EUA em 1991 e passou anos trabalhando como designer de jogos da Microsoft. Apesar do sucesso imediato de "Tetris", principalmente ao ser incluído no Game Boy em 1989, Pajitnov demorou para receber algum retorno financeiro, já que o bloco soviético não tinha política clara sobre direitos autorais. Apenas em 1996 ele ganhou os direitos.

Visito Moscou de tempos em tempos. Fico umas quatro ou seis semanas por lá. Faço sempre o mesmo. Encontro amigos, alguns parentes. Meus dias são iguais. Jogo, leio livro, vejo TV e ando por aí.
Alexey Pajitnov

Tetris Hello Kitty - Reprodução - Reprodução
A versão Hello Kitty de "Tetris" pode ser jogada com mouse ou teclado em qualquer navegador
Imagem: Reprodução

"Tetris" é considerado o jogo mais vendido da história, na frente de "Minecraft" e "Grand Theft Auto V". De acordo com a Tetris Company, foram mais de 500 milhões de downloads em aparelhos móveis e centenas de milhões de produtos vendidos em mais de 50 plataformas em 200 países.

Como "Tetris" tem diversas versões, há quem especule que "Minecraft" o teria ultrapassado nas vendas. O russo não se preocupa. "Nunca joguei 'Minecraft' de verdade e não ligo se passar. Nada pode abalar meu jogo porque tanta gente já se divertiu com ele. Quanto mais games bons, melhor para todo mundo brincar."

Simplicidade que engana

A história dos jogadores obcecados com "Tetris" virou documentário em 2011, chamado "Êxtase da Ordem". Os melhores do mundo se encontram no Classic Tetris World Championships, que chega em sua 10ª edição em outubro, no Portland Retro Gaming Expo, no estado de Oregon.

No sábado, no bar Barcade de Los Angeles, enquanto Pajitnov tirava foto com um rapaz vestido de quadrado azul, era possível jogar Tetris numa máquina vintage de fliperama e também "Tetris Effect", uma versão para PlayStation com óculos de realidade virtual (o jogo segue sendo jogado com joystick, e não com as mãos).

Para comemorar, o local preparou comidas e bebidas com nomes engraçadinhos como Peça Fantasma e Limpa Linhas. Um dos donos do Barcade, que possui oito unidades nos EUA, acredita que a magia do "Tetris" está na simplicidade que engana.

"É fácil entender como funciona, mas é bem difícil de ficar muito bom", disse Paul Kermizian, que colecionava máquinas antes de abrir os bares com seus amigos. "Por ser tão simples, as pessoas acham que deveriam ser boas. E quando não são, claro, precisam jogar de novo, e de novo, e de novo."

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