Vale a pena jogar de novo? Por que temos tantos games relançados?
Um dos games mais bacanas que você pode jogar atualmente no PS4 é de 2005. E nem teve atraso na produção. "Shadow of the Colossus" chegou nesta semana ao console da Sony, mas não é exatamente novidade: ele já pintou em 2011 para PS3 e em 2005 para o saudoso PlayStation 2.
Mas esse está longe de ser o único título nesse esquema. Toda semana algum "remaster" é anunciado. O mais recente é "Far Cry 3", jogo de 2012 que vai ganhar versão para PS4 e Xbox One e é usado como argumento de venda para o jogo de tiro "Far Cry 5", que sai em março: compre o novo game e você ganha o antigo.
Remakes e remasterizações fazem parte da indústria de games desde o Super Nintendo, mas ganharam muito mais espaço nos últimos dez anos. Afinal, por que se lança tantas vezes os mesmos games? E, na moral, vale a pena jogar de novo?
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Fazer games em 2018 é caro e as produtoras gostam de apostar em resultados seguros. E pouca coisa é mais segura do que nostalgia: entre os jogos mais aguardados dos últimos anos estão os remakes de "Final Fantasy VII" e "Resident Evil 2 Remastered", ambas versões modernas de clássicos do primeiro PlayStation.
Lançar um remaster é também uma boa maneira de medir o interesse do público por uma franquia: a coletânea de "Crash Bandicoot" da Activision foi um sucesso de vendas no ano passado e a publisher já considera a produção de novos games do marsupial.
Para as fabricantes de consoles, um remaster é uma maneira relativamente fácil de preencher a janela de lançamentos: a Sony fez isso ao levar "The Last of Us" e "God of War 3" para o PS4 muito antes de novos games dessas séries serem anunciados. No Xbox, isso rolou com o primeiro "Gears of War" e a robusta coletânea "Master Chief Collection".
A Nintendo faz o mesmo lançando jogos do Wii U no Switch. "Mario Kart 8", "Pokkén" e "Bayonetta 2" são só alguns exemplos. No caso da Nintendo, ainda há a vantagem de levar esses games para um console com muito mais usuários do que o anterior - ou seja, consumidores que nunca tiveram contato com os jogos antes.
Também é uma forma de gerar "hype" pelo próximo lançamento de uma franquia: é o que a Ubisoft tenta com "Far Cry 3" e o que Sony e Activision fizeram no passado com "The Uncharted Collection" e "Call of Duty: Modern Warfare".
Dentro da indústria de jogos, existem várias maneiras de relançar jogos:
- A adaptação direta: o game é idêntico ao original, com as mesmas limitações (e até falhas) da época em que foi lançado. A aposta é na nostalgia e, acredite, se paga: quase toda semana a produtora Hamster lança um jogo de Neo Geo para PS4, Switch e Xbox One. E está entre as empresas que mais vendem games no console da Nintendo.
- O remaster em alta definição: o jogo que você já conhece, mas com gráficos melhores, seja HD ou 4K. Games que saíram para consoles não tão antigos, como PS3, X360 e Wii U, recebem esse tratamento nas versões para os videogames mais novos.
- O remake: mais do que melhores gráficos e animações, aqui o jogo é refeito por completo. É o caso de "Shadow of the Colossus" no PS4, de "Halo 2" e da coletânea de "Crash Bandicoot". A mecânica de jogo é a mesma, com algumas correções, e com o visual que você espera de um game atual.
- O remake-reboot: não é uma releitura completa dos jogos (como o recomeço da franquia "Tomb Raider") mas traz mudanças significativas para o game original, como rolou com "Resident Evil" e, esperamos, deve rolar com "Resident Evil 2".
Qual desses formatos é melhor? Depende. O remake é o que mais agrada aos fãs, pois preserva a sensação que o jogo original passou e permite apreciar melhor a obra original ao atualizar sistemas de controle e dar aquele tratamento especial na arte do game.
Em alguns casos, como em "Halo: Combat Evolved Anniversary" ou do adventure "Full Throtle", é possível alternar entre o visual atual e o da época do lançamento dos jogos. Um verdadeiro passeio arqueológico pelo mundo dos games!
Existe também a questão do preço: pagar de novo por um game não tão antigo é uma decisão difícil, principalmente se as melhorias não são muito gritantes. É aí que boa parte dos relançamentos encalha. A melhor saída encontrada pelas produtoras é a compilação de vários jogos no mesmo pacote: "Crash", "Halo", "BioShock" e a iminente "Street Fighter 30th Anniversary Collection" são bons exemplos de coletâneas de jogos remasterizados.
Esses pacotes custam o mesmo preço de um jogo comum, mas incluem três, quatro e até uma dúzia de games no mesmo disco, além de material extra para agradar aos fãs saudosos.
Nostalgia ou registro histórico
Conforme envelhece, a indústria dos games se volta para o próprio passado. Os fãs se tornam mais nostálgicos e propensos a adquirir games que marcaram suas infâncias e adolescências - é fácil apelar para esse sentimento e faturar em cima das lembranças (ou sonhos) dos jogadores.
Mas nem todo remaster é um mero caça-níquel para jogadores veteranos. Alguns são produções elaboradas e que resgatam jogos importantes para a história da indústria - ou que ficaram "presos" em plataformas já abandonadas.
Isso vale tanto para remakes luxuosos como o tão sonhado "Final Fantasy VII" quanto para produções mais "pé no chão": "Final Fantasy XII: The Zodiac Age" resgatou um dos melhores games da série, até então disponível apenas para PS2, e trouxe melhorias técnicas o bastante para justificar uma nova compra. Hoje, o game pode ser aproveitado no PS4 e também no PC.
A "Master Chief Collection" deu um passo além e trouxe os quatro jogos principais da série "Halo" para o Xbox One, em um disco cheio de opções extras, entre elas a de jogar a série toda como um game só, da primeira missão de "Halo: Combat Evolved" até o final de "Halo 4".
O recente "Shadow of the Colossus" é uma reconstrução do clássico de 13 anos atrás com a tecnologia atual. O resultado impressiona e permite apresentar um game excelente para uma nova geração de jogadores. Então, é aquele esquema: por mais caça-níqueis que pareçam, as remasterizações também têm seu valor.
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